O cantor sertanejo Matheus Soliman, agraciado com o milagre, desde criança frequentava o aeroporto de Primavera do Leste, em Mato Grosso, e era apaixonado por aviões. O menino que ajudava a lavar as aeronaves e carregar as malas, sonhava em ser piloto. Aprendeu a fazer pequenos voos e estava se preparando para a formação de pilotos.
Em 2020 foi contratado com o amigo Fábio de Souza para uma viagem-teste e levar um avião que estava parado há dois anos até o estado de Rondônia. A viagem que deveria ser tranquila tornou-se traumática quando um dos motores desligou. Matheus não conseguiu reacender o motor e não havia espaço para um pouso de emergência, mesmo assim, conseguiu evitar uma queda brusca. Assim, caíram no meio da floresta amazônica e a sobrevivência já foi um milagre, porque o avião pegou fogo logo após a queda.
Matheus procurou manter a cabeça no lugar e seguir indicações de sobrevivência. Aguardou junto da aeronave o resgate que não chegou e depois começou uma caminhada pela sobrevivência. Começaram seguindo o rio para ficar perto da água e garantir que não andariam em círculos. “A gente seguiu o rio, porque pelo menos tinha água. Mas passamos por cobras, jacarés, ariranhas e até uma onça, o susto foi grande”, conta.
Depois de cinco dias ininterruptos caminhando sem chegar a nenhum lugar pela beira do rio, a dupla de desaparecidos decidiu seguir uma direção fixa por dentro da floresta baseando-se na orientação pelo sol. Ali não encontraram água e passaram três dias sem beber nada. Até que um milagre ocorreu justamente no dia 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida. "Eu sempre fui muito católico, né? E aí eu olhava para aquilo e falava: ‘A senhora vai deixar eu morrer bem no dia da senhora?’ E aí foi o novo milagre.” Uma forte e abundante chuva parou a caminhada, mas hidratou os sobreviventes.
Matheus ficou ao todo 24 dias na floresta com seu colega, mas a fé foi a orientação de vida para sobreviver. A presença constante de Maria era sentida por Matheus e Nossa Senhora avisou em sonho que, no dia 24 de outubro, a filha do cantor tinha nascido.
Esperançoso e reconfortado pela notícia do nascimento da filha, Matheus continuou seguindo pela floresta até que sentiu como que uma indicação divina de que deveriam atravessar uma grande árvore que estava caída. A fé é ver além do que os olhos podem e foi assim que Matheus e seu colega se deixaram direcionar para encontrar do outro lado da árvore caída uma estrada que não era possível ver de dentro da floresta.
A estrada, porém, era deserta. Caminharam por quatro dias sem encontrar ninguém nem serem encontrados. Após encontrarem ajuda, Matheus ficou uma semana internado com ferimentos e pesando 30 quilos a menos.
Matheus teve uma recuperação física rápida, mas a recuperação mental foi mais difícil, tendo dificuldades para sair de casa. Dois anos após o acidente, Matheus faz dupla sertaneja com seu irmão Júnior e ainda vive a paixão pela aviação: “As duas estão empatadas em meu coração”, explica.
A fé conduz a vida de Matheus com sua família, seu trabalho artístico e seu amor por aviões. Os 24 dias perdidos na floresta são para Matheus inexplicáveis, tudo só faz sentido pela fé que o guiou e orientou nesta longa e difícil travessia.
Fonte: Aleteia.